O essencial nunca se entrega de bandeja.
As histórias que permanecem são aquelas que respiram, que deixam fendas para serem preenchidas. O sentido nunca está apenas no que se diz, mas no que se permite intuir.
Uma pausa antes da resposta. O rastro de hesitação deixado por uma vírgula. A sombra de um gesto interrompido no meio do caminho. Pequenos abismos de silêncio entre uma palavra e outra. São nesses vãos que o real se escreve.
O mundo não grita suas verdades, ele as sugere. Mas vivemos tempos apressados. A informação precisa ser imediata, as respostas diretas, as frases mastigadas. Tudo é otimizado para que ninguém precise se deter na interpretação. Para que ninguém precise sentir.
Mas será que a pressa dá conta da verdade?
Quem lê nas entrelinhas sabe que a realidade se desenha nos detalhes. Que há mais presença em algumas ausências do que em presenças explícitas. Que o que se cala, muitas vezes, reverbera mais do que aquilo que se diz.
O mundo nem sempre fala. Mas ele murmura, sussurra, espalha pistas no ar.
E quem percebe, entende.
E você? O que tem lido nas entrelinhas ultimamente?


